É mais uma noite sem sono e disposição para ligar a TV. Em
minha cabeça eu imagino a programação noturna de todos os canais, nenhuma,
aliás, me agrada. Imagino agora goles de whisky a descer pela minha garganta
adentro queimando e reconfortando a solidão. Quem sabe se eu me vestisse e me
aventurasse agora pelas ruas cobertas de luz amarela lá fora? Talvez isto me
deixasse melhor.
A vontade que eu tenho não é de dormir, isto eu sei. O que eu
sinto são ímpetos de me deixar enlouquecer, porque quem enlouquece tem suas
vontades respeitadas sobre o simples argumento de que são loucas, e não guardam
noção de certo e errado. Quem não ousa enlouquecer continua sendo apenas mais
um rosto na multidão.
Se eu tivesse aprendido e gostasse de fumar, essa seria uma
boa hora. Momento em que eu estou a mil e meu queixo insiste em permanecer
trincado. Quem sabe aquela coisa fedorenta e nauseante me roubasse de mim.
Os maiores gênios revolucionários não estavam contidos em si
quando realizaram suas obras primas. Não, a grande maioria deles estava sobre o
efeito de drogas, raiva ou paixão, lutando por um ideal sério e útil. E nós,
por que haveremos de lutar se tudo já se encontra a mão?
Não, minha falta de sono não tem tanto haver com as contas
que eu tenho que pagar, mas sim com nostalgia. Nostalgia dominical como
escreveu “la Luna” uma vez. Eu revisitei lugares de minha adolescência hoje
cedo, pontos estratégicos aonde eu comecei a faze-me gente de idéias. Idéias
que no presente eu prático sem ter por perto aqueles antigos amigos do “para
sempre”. Não, eles se perderam no ar ou seguiram por outro caminho, como as
pegadas de lama que eu deixei no fundo de casa pela manhã. Eu sei que eles
estão lá, mas nossos destinos não se cruzarão novamente tão rápido.
Minhas assombrações talvez sejam, em alguns pontos, maiores
do que eu imaginei. Talvez esta falta de sono seja apenas mais uma luta contra
o medo do desconhecido, zonas de conforto e acomodação. Não bebi, não ingerir nenhuma
substância alcoólica ou tóxica, nada além de água. Meu “Red Label” ficou só na
lembrança a me atormentar!
Acho que me tornei mais rebelde do que um dia já fui, ou
apenas continuo a criar artifícios para chamar a atenção. Não aceito mais
ordens, desconfio de elogios, me faço de ignorante, falo com estranhos e sonho
acordada sem ter hora certa para dormir. Enquanto quase todas as pessoas
dormem, eu fico a espreita de ver o sol nascer. Mas me pergunto: E daí, você
tem medo de que? Você pode até tentar se esconder, criar máscaras para se
defender, mas e fugir de si mesma, você pode?
Até a próxima semana queridos e queridas! bjos!
*Dá pra rir e dá pra chorar - Leoni.
5 comentários:
"O que eu sinto são ímpetos de me deixar enlouquecer, porque quem enlouquece tem suas vontades respeitadas sobre o simples argumento de que são loucas, e não guardam noção de certo e errado. Quem não ousa enlouquecer continua sendo apenas mais um rosto na multidão."
Adorei isso.
E esse teu final me lembrou uma música do Identidade "Você pode até tentar mas isso não vai te mudar, você pode até mudar só por dinheiro vão te tolerar"
Baita texto.
Adorei!
Medos são muitos, Nine, e convivo com eles... eles me acompanham e também me fazem enxergar quem eu sou. ;)
Saudades de ti, de vir... vou tomar jeito... rsrs
Beeeeeeeijo!!!
Nine, querida minha, eu também uso artifícios pra chamar a atenção e descobri que devemos nos permitir fazer isso, é um exercício lúdico, tem suas vantagens.
E aos domingos, minha grande e eterna melancolia.
Beijos pra ti, pra Ana, pra todas as "gurias arretadas".
Adorei esse texto, Allyne!
As grandes mentes da humanidade também eram meio ou totalmente amalucadas.
E olha, acho que eu tenho me permitido enlouquecer, sabe... Acho que tenho mesmo.
Enlouquecer é bom. Sair de rotina. Ser diferente do que você tem sido. É legal. É fundamental para dar um tempero todo especial na vida.
"Você pode até tentar se esconder, criar máscaras para se defender, mas e fugir de si mesma, você pode?"
Velho, isso foi um tapão na minha cara. Creia!
É impossível fugir de si mesma. Por isso que é preciso descobrir quem se é e ser com toda a sinceridade possível.
Um abraço, Allyne.
Também adoro você!
Fugir de nós mesmos é impossível...
Compreender que podemos ser originais e felizes pelo simples fato de sermos nós mesmos é tarefa árdua...
Mas nada que uma noite em claro e um pouco de nostalgia não faça milagres...
Hahaha...
Line, adorei teu texto!!!
Realmente estava pensando sobre esse assunto a algum tempo e tu escreveste algumas das ideias que andaram incomodando minha mente...
Bjs
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