Cordas


Meus pés flutuavam em direção ao nada, enquanto os olhos se afogavam. Sempre fui forte o bastante, mas engraçado como as pessoas não perceberam. Agora, a brisa bagunçava meus cabelos e congelava o rastro das lágrimas. Era primavera, todavia estava frio.

- Aonde pensas que vai? – questionou com a voz confeitada de medo atrás de mim.

- Porque me seguiste? – indaguei acidamente, enquanto me virava para defrontá-lo.

- Não posso deixar que cometas outra besteira... – declarou ansiadamente.

- Foi a última tentativa... Acredite, a verdade machuca, contudo é preciso dizê-la... Eu te amo um pouco menos agora... 

- Como? – pesquisou confuso.

- As cordas do violão se romperam... Não existe mais melodia... – explanei.

- É simples assim? – averiguou.

- Porque devemos complicar? – devolvi o questionamento.

- Posso trocar as cordas... – ofereceu.

- Existem coisas que não podem ser perdoadas... Desculpe, mas não posso ignorar o passado... O fato é que não consigo sentir mais nada por ti... – expliquei.

- Então é assim? Vais me abandonar? – pesquisou irado.

- Não posso continuar com uma mentira! Espero que me compreenda... Foi apenas um sonho bom! – articulei friamente.

- Não compreendo, mas respeito... Portanto, adeus! – proferiu tristemente.

- Adeus!

Então, me deu as costas e seguiu pela calçada, cabisbaixo.

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