Procura-se palavras!

Eu aprendi a não buscá-las, porque em algum lugar se escondiam. Disseram-me certa vez “às vezes, o silêncio se faz necessário, respeite-o”. E então, as respeitei. Resvaladiças fugiram. Não me pediram alforria e agora foragidas andam disfarçadas na libertinagem. Perguntaram-me outro dia “qual é o paradeiro delas?” e com um aceno desgostoso respondi “não sei... por um telefonema anônimo me indicaram por entre uma página e outra dos livros, almanaques, revistas e jornais, mas nada me convenceu”. E insistiram “mas já procurou em todos os lugares mesmo? Não será possível que sejam tão espertas”. A minha desesperança era tamanha que nem no burburinho que saiam dessa gente alvoraçada eu não lhes achava. “Malditas!” profanei exausta. Após longos conselhos ouvidos e persistentes buscas, eu desisti. E quando absorvida por aquela aura enegrecida reflexo do descaso da mente, os sentimentos ganharam voz e, enfim, elas se renderam a mim.

1 comentários:

Érica Ferro disse...

E elas, as palavras, saem mesmo quando bem querem.

Belo conto, linda de Brasília.