Seu sorriso;

"Grandes olhos risonhos", pensava. Então tu cruzavas minha manhã e enchias-me com o teu bom humor. Tu me chamavas de menina com a voz embargada de gracejo, e eu olhava teus olhos e como podiam eles sorrirem tanto pra mim? Explicas-me, moço: qual era teu feitiço? Encaravas-me de maneira sóbria e, noutro instante, medias-me da cabeça aos pés. Minha respiração por segundos acelerava e o sangue fervia por meu cerne agitando-se rumo às minhas bochechas. "A menina de bochechas rosadas", lembro-me do teu tom e dos teus dizeres todo sorridente. E eu sempre tão eu... Mas, vai, respondes-me: por que tão dono daquele sorriso que me encabulava, hein? Eu queria muito, moço, que tua alegria continuasse contagiando-me bem cedinho; é que roubaste meus pensamentos ao longo do dia. E confesso que enganaste-me direitinho. A boba aqui acreditava em tua lábia, em teu jeito jovial e simples. Mas, depois que, te vi naquele canto encantando outros lábios que não os meus... O riso que vivia aqui partiu. Eu queria muito, muito mesmo que tua boca se enchesse de mim, que teus olhinhos sempre cravassem em mim e pedissem pra eu morar em ti. Mas deixa, moço. Tu perdeste teu posto e, um dia, jogo "o jogo do contente" com quem não faça chacota desse meu modo inocente de ser.

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