Sobre horóscopo;

Por dois dias consecutivos me peguei abrindo o jornal e correndo os dedos rapidamente pelas páginas em busca da seção de passatempo, onde se tem também o horóscopo. E por um instante hesitei, refleti e passei os olhos de cima para baixo pela coluna áries, touro, gêmeos e... opa, aqui câncer. O que eu procurava ali? Simples, só queria saber as “previsões” para o meu dia. Mas só isso mesmo? Sim. Quer dizer, não. E então segui a leitura:

“A dose de segurança que você gostaria de sentir pode nunca se tornar suficiente e, por isso, a busca se tornaria um destino em si mesmo. Fazer a vida acontecer é algo que se processa fora da zona de conforto.”

Interessante, pensei. Mas fazia tanto tempo que não o lia que observei a mim mesma e deduzi que, sim, mais uma vez eu estava em dias ruins. Eu só fazia aquilo quando tudo estava incerto, nebuloso e triste. E devo confessar muitas vezes me compenetrava naquelas frases tão mirabolantes e metaforizadas, tentando inseri-las ao meu momento que por uma fração de segundos achava mesmo que me orientariam a tomar uma atitude. Ou, pior, que as mesmas me auxiliariam a viver melhor. Quantas vezes realmente acreditei nisso. Inútil? Talvez. Há quem creia em tudo e não acho de todo o mal isso de ler horóscopo. Só me achei macaca velha procurando respostas para minha vida naquele trechinho, talvez até inventado por um maluco só para ocupar espaço no jornal. Porque afinal tem gente que acredita.

A todo tempo procuramos amparo, principalmente, em conselhos de amigos, conhecidos, em textos-testemunhos, que me parece natural ter lido essas míseras palavras e elas terem se encaixado ao meu dia. Não me julguem, tá bom? Não quero me isentar da culpa caso, posteriormente, eu realmente saia da minha área de conforto e depois me arrependa de tê-lo feito e ainda atribuir à culpa a ele. É só que, às vezes, é preciso tomar coragem para mudar e esse incentivo surge de onde menos esperamos. Até de um horóscopo.