Ou Apaixona por alguma coisa.
Literalmente, eu “cai” no curso
de pedagogia de pára-quedas. Quando eu concluir o ensino médio estava na faixa
dos 15/16 anos, havia acabado de fazer 16 quando recebi o resultado de
aprovação no primeiro período de pedagogia. Foi felicidade total pelo desafio,
mas, na boa, não era algo que eu queria tanto assim.
Sempre tive aquela dúvida “o que
eu quero ser?”. Já quis ser física, astronauta, veterinária e tantas outras,
mas ao terminar o terceirão eu só queria descansar... Não queria ir embora,
pedagogia (eu me dizia isso) nem a pau! E engenharia florestal (sempre tive uma
paixão por engenharias e arquitetura) estava pra lá de Palmas numa cidade
chamada Gurupi, a centenas de km daqui.
Pelo desafio e por não mais agüentar
minhas amigas no meu pé dizendo que eu não podia ser mais uma na lista de gente
que não faz nada depois de acabarem os estudos. Eu fui fazer minha inscrição (atravessei
a rua, levando minha mãe a tiracolo). Ciências Sociais tinha acabado de ser
aberto no Campus da UFT daqui, e como eu tinha a (doce e ingênua) impressão que
apenas iria gastar dinheiro à toa resolvi por ele, estava decidido.
Rá! Minha mãe errou a primeira
ficha... Pôs Pedagogia no lugar de Ciências, eu disse que não, mas daí pensei: “é
só “uma” prova mesmo, não vou passar”... Concordei, pedi o segundo período ela
colocou o primeiro, nisto eu já estava com raiva... “O meu Deus! Mãe, vamos
logo com isso!”. Dali passado dois meses teve a primeira prova, da qual eu não estudei
uma palha de nada.
Passei na primeira fase, minhas
amigas, uma que havia optado por medicina e outra por administração não conseguiram
o mesmo resultado (e eu fico besta até hoje com “como foi mesmo que eu
conseguir este feito?”). Aquilo me deu uma coisa de “eu não sou merecedora
disso”, elas estavam se matando de estudar, e eu nada. Um mês depois, segunda
etapa: “Redação”, pra não dizer que nem pra isso eu estudei, lhes digo que “passei
os olhos” em uma apostila no dia anterior.
Vai em cima vai em baixo. Num belo
fim de tarde, me toca o telefone: “Allyne, tu sabe se o resultado do vestibular
saiu?”, “não, sei não, por que?”, “Acho que saiu sim, tô passando ai pra gente
ir lá”, “ta, bom”. Era minha tia, que com a cara mais lavada me grita da porta “PARABÉNS,
CABEÇONA!”, “que diabos é isso???”, “Tu passou!!!”, “O QUE??”, “é..”. E não é
que era verdade?! Em 17° lugar estava lá: Allyne D. Araújo, Pedagogia.
Os primeiros períodos foram uma verdadeira disputa entre meu ego e a minha aceitação. Eu sei que repito milhares de besteiras de que ISTO não era algo que eu queria, mas daí contorno: “ninguém é forçado ao que não quer, se eu estou até agora nisto é porque eu gosto” e gosto mesmo. Fazer pedagogia, para mim, é algo como misturar todas as ciências humanas numa só coisa, e descobrir que seus talentos podem ser testados até os limites, e transformados numa coisa que pode resultar em várias possibilidades, além de poder se identificar com uma área inusitada que nunca passou pela sua cabeça. Eu não me arrependo, mas tenho plena consciência de que “a sala de aula” em si, é algo que ainda me é estranho.
Perguntam-me várias vezes: “Allyne,
por que você não larga isso e vai fazer Direito, Ed. Física, Artes”... E eu sempre respondo “Não!”, e você quer
saber o por quê? Porque eu me apaixonei por isto, embora reclame o tempo todo e tenha um monte de porcarias que desmereçam os profissionais desta área,
mas eu me apaixonei (nunca te disseram que o gostar é um eterno jogo entre
encantos e desencantos? pois é a pura verdade!). E se eu ainda estivesse na
corda bamba e com 15 anos de idade, sem saber o que fazer da minha vida, mas
tendo a noção de mundo que este curso me proporcionou, eu te responderia sem
nem pensar duas vezes: “Sim, eu quero pedagogia!”.
E se você me perguntar, de novo: “Vai
parar por aqui Allyne?”, eu com a cara mais lavada*, te respondo: “Não. Eu estou
apenas começando, e num jogo de o que mais “você” quer”...
P.s: Estou me preparando para concluir o curso no ano que vem, e as voltas com o TCC. Além disso, feliz da vida por essas coisa esta acontecendo. E acabando de voltar da aula de Organização do Trabalho Pedagógico.
*Referencia ao Texto da erica de sábado.
* Por que não eu - Leoni/Herbet Viana.
Até a próxima semana!
2 comentários:
Hahaha...
Foi assim que eu cursei Tecnologia em Processos Gerenciais...
Hoje sou apaixonada pela área de administração...
Como as coisas são...
Hehehe...
Essas são as surpresas da vida...
Ótimo texto, Lyne!!!
Bjs
Tenho meus poréns com o curso de Pedagogia, mas, por ter feito magistério, entendo teus sentimentos. Por mais que achemos ridículas certas coisas que "nos ensinam", há coisas que nos fazem crer que todas as pessoas devessem saber o que é estar numa sala de aula, por orgulho e prazer.
Belo texto, adorei saber de como tu foi parar em Pedagogia...
=)
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