Quem me conhece sabe que não sou dada a ficar discutindo casos amorosos, ou mesmo ir a cata de algum relacionamento, como a maioria parece fazer. Andamos em tempos individualistas, em que ninguém confia em ninguém, ao mesmo tempo em que tem medo de ficar consigo mesmo. Para fugir de si mesmo e de todos ao redor, a solução encontrada por alguns é estar sempre envolvido em um relacionamento, fazendo "juras de amor intenso", como diria Roger Moreira (que, aliás, tá de aniversário hoje, parabéns, então, a esse cara que tanto admiro). Juras que, na maior parte das vezes, não tem uma duração muito longa.
Eu talvez esteja ultrapassada, preferindo me animar com belas músicas românticas, muitas das quais antigas, a sair fingindo encontrar emoção em músicas que me parecem ter letras tão frias quanto os relacionamentos de hoje em dia. Ultrapassada ou talvez tenha simplesmente na época errada. Ou mesmo século errado. Ou talvez só leia e imagine demais.
A questão é que adoraria ter um romance daqueles descritos por Jane Austen, em que o sentimento ilógico é criado pela lógica, pela semelhança e, especialmente, diferença de ideias. Romance que não surge da expectativa, mas do acaso. O primeiro sentimento pode ser até mesmo repulsa (oh, Mr. Darcy!), mas a simples convivência, com conversas diversas, muda tudo. Nada de juntar ninguém com ninguém, a coisa simplesmente acontece.
Minha idealização de cara não se encontra nas linhas de Austen, mas numa das tantas personagens fantásticas de Alexandre Dumas. Mas ideal ou não, é o que menos importa. A admirável Jane Austen mais de uma vez nos mostra que podemos nos enganar em tal definição. Ah, Jane, será que é demais apegar-se aos teus livros?
As histórias de Austen se passam séculos atrás, mas não creio que quisesse realmente estar na mesma época. Gosto dos dias de hoje, afinal, séculos atrás não haviam as românticas músicas que hoje me encantam. Queria um romance a la Jane Austen nos dias de hoje, será possível? Aquele cara que, de tão perfeito, possa dar a volta ao mundo e, cedo ou tarde, acabar do meu lado, porque é simplesmente assim que deve ser.
Talvez eu devesse parar de ler tanto, quem sabe conseguisse achar reais os sentimentos que me parecem tão falsos do mundo de hoje. Talvez eu pudesse me juntar à maioria e me encontrar à cata de um namorado por ai, esquecendo qualquer ideia realmente romântica. Talvez.
Mas talvez eu não queira. É, não quero. Gosto de conviver bem comigo mesma, assim como gosto de dar um voto de confiança a quem está do meu lado, sem esperar nada em troca. É, realmente gosto disso. Se vier um cara saído das descrições de Dumas e que me faça lembrar os romances de Austen, bem, aí repenso minha ideia de não me envolver. Mas, que fique claro, só se tal envolvimento não se mostrar de modo algum uma substituição na minha vida, apenas um excelente complemento.
5 comentários:
As vezes eu também tenho a impressão que nasci no século errado!!! E vc fala tanto de Dumas que eu tou me sentindo uma herege por nunca ter lido nada dele :(
Emfim, vou me concertar!!! Amo Jane Austen, também queria viver um romance ao estilo da narrativa dela, a Vaneza com Z diz que eu sou Elizabet então cadê meu Darcy ein? Alguém que me complete e não me substitua!
não é que vc leia demais Nana, se fosse por isso nenhuma mulher sonhava em encontrar o romance ideal. Acho q isso é o que nasce com a gente e continua pelo resto do tempo, talvez como uma teoria de par perfeito, alma gemeas, essas coisas...
Se apaixonar tem seus pontos bons e ruins, como toda coisa, querer o que é melhor pra gente também é ótimo e faz bem a todo mundo, e quando a gente acha alguem q nos complementa é a melhor coisa de todas.. Mas dai sonhar com o romance ideal e nao se permitir ariscar com os comuns, vc mesma me disse algo parecido, não é pagar para ver... Ou bem, sei lá...
bjooooo!
Hoje não procuro e nem espero nada relacionado ao campo amoroso. Apenas creio na existência do acaso, acaso que dá cor e também dor à vida. Que ele não esqueça de aparecer de vez em quando na minha vida, para me trazer belas e agradáveis surpresas.
Gostei do texto, Seerig. Um pouco diferente dos quais você costuma escrever, o que foi surpreendente.
Às vezes me sinto estranha por não esperar nada de ninguém (inclusive em não esperar encontrar alguém pra mim... eu acho que já desisti disso...), mas, Oh, Mr. Darcy!, se te encontrasse... HAHA'
Mas sabe, não é porque você nunca viu/conheceu um cara com um romance a la Austen que ele não existe :D
Aliás, acho que isso pode ser aplicado a QUALQUER coisa. Afinal, não é porque você nunca viu um unicórnio que ele não existe, né. AUHAUHUAUHA'
Ahhh...
Jane tem uma sensibilidade incrível para escrever seus romances...
Quem lê Orgulho e Preconceito percebe bem isso...
E como não se apaixonar pelo Mr. Darcy???
Excelente texto, Ana!!!
Bjs
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