Deitada na minha cama observava a escuridão, era apenas mais uma noite de insônia. As palavras ainda ecoavam em minha mente. Lágrimas corriam pelo meu rosto, era um choro amargo. Por que você não consegue me amar? Quando me tornei o problema nessa equação? Para todas essas questões haviam respostas, mas embasadas em julgamentos errados. Apoiei meu queixo nos meus joelhos e meus braços envolveram minhas pernas, era apenas mais uma tentativa de acalmar a dor. Coração destroçado, esperanças moídas. Há algum tempo venho colecionando olhares de pena, como se me fosse necessário. A minha volta só existiam pessoas que sentiam pena de mim, mas não me via como sendo uma senhorita digna de pena. Afinal, não estava cometendo erros. É tão difícil entender que nunca serei como eles querem que eu seja? Não posso me anular, não mais. Tenho opiniões, sonhos, desejos, mas não devo levá-los em conta? Então, porque me ensinaram a pensar? Sorri ao perceber que estava vivendo sob uma regra absurda: “Faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço!”. Porém, agora não sou mais a mesma. Tenho consciência de que não será nada fácil, mas não posso desistir. Não quero batalhar, no entanto não há escolha. Levantei-me dali, acendi a luz e fui até a janela. A noite era escura, nuvens pesadas de chuva bloqueavam o brilho das estrelas. Todavia sabia que elas estavam lá, assim é minha batalha, não vejo a vitória, mas sei que ela existe.

1 comentários:

Ana Seerig disse...

Corações destroçados são sempre temas de contos, não? Mas fico feliz com os finais animadores como os teus, não com os suicidas (feitas por pessoas que acham suicídio um troço legal, como eu). Belo texto, Becks!