Cordel gaúcho

Quando meu tio me emprestou Casos do Romualdo, de João Simões Lopes Neto, me encantei de imediato por duas razões: o prefácio encantador de Carlos Reverbel e a primeira história, Quinta de São Romualdo, que me fez rir enquanto estava sozinha esperando pela aula na sala. A sequência de lógicas e consequências infelizes da aventura fez com que eu adorasse Romualdo de imediato. Acabei devolvendo o livro pro meu tio, depois de fazer um post no blog, e comprando uma edição pra mim.

Enfim, mais de um ano depois desse meu caso de amor com a personagem de Simões Lopes Neto, chega-me às mãos uma edição da história Quinta de São Romualdo em... cordel. Isso aí, o gênero literário nordestino deu forma à versão de uma das histórias do maior nome tradicional gaúcha. Como não falar sobre isso no GA? Que maneira mais bonita do que ver norte e sul unidos com suas peculiaridades através da literatura?

Meu primeiro contato com o cordel foi através de As Perguntas do Rei e as Respostas de Camões, um dos presentes lindos que havia naquela caixa que a Pandora me enviou tempos atrás. Uma leitura encantadora, de fato. Confesso que não fui em busca de outros cordéis, até porque nem sei se é fácil de encontrar pra esses lados do país. Mas meu reencontro com esse bonito tipo de escrita aconteceu com minha mãe chegando com essa versão de Simões Lopes Neto. Impossível não lembrar da Pandora.

Disse minha mãe que no ano passado já havia ganho a versão de cordel de Melancia e Coco Verde, outra conhecida história de Simões (até fizeram filme - ou estão fazendo, não tenho certeza). Pelo que descobri, foi feita uma coleção chamada Simões Lopes Neto em Cordel, lançada pela CORAG e com textos de Arievaldo Viana e ilustrações de Jô Oliveira, porém não consegui descobrir quais títulos foram lançados ou como adquirir. Mas descobri de onde veio a ideia.

O leitor deve lembrar
Que no livreto passado
Eu narrei um ocorrido
O qual foi adaptado
De um livro de Simões Lopes
Que recebi embrulhado

E nele o grande escritor
Me dizia "Menestrel
Quero que o nobre amigo
Transponha para o papel
Os CASOS DO ROMUALDO
No formato de cordel"

A verdade é que, em traços nordestinos, o sotaque gaúcho da trova de Romualdo permaneceu. Absolutamente encantador. Quem tiver oportunidade, leia, senão ao menos busque os textos originais de Simões. Mas, antes de uma dica literária, o intuito desse post é exaltar a beleza de projetos assim. Que hajam mais misturas dessas. 

2 comentários:

Pandora disse...

O que dizer? Que sou apaixonada por essa coisa que une opostos, por essa junção de sotaques, pela beleza do jeito de ser gaúcho e do jeito de ser nordestino?!?!? Aaaah, vc já sabe tudo isso!!!

Sinto-me homenageada com esse post!

Érica Ferro disse...

Muito, muito bacana essa ideia de fazer um cordel gaúcho. Gostei bastante.

Eu tenho um livro aqui do João Simões Lopes Neto. Tenho certeza que será uma delícia lê-lo. Farei isso em breve.

Ah, a Pandora se emocionará com esse post. Sem dúvida. hahahaha