"Saudade, doce bem que nos tortura..."

Por vezes tenho a impressão que as pessoas se decepcionam quando me perguntam se tá tudo bem comigo cá deste lado do Atlântico e eu digo que sim. Creio que elas esperam que eu me debulhe e que elas possam ser úteis me consolando. Ou mesmo esperam que faça declarações de amor e de saudade. Isso me soa bizarro. 

Óbvio que lamento por não ter minha companhia de sempre pra ver os jogos do Grêmio, lamento por não estar abraçando o Gurizinho, por estar perdendo montes de shows legais com as minhas amigas e etc e tal, mas é só um ano. Depois esse tempo acaba e tudo vira história. 

Sem falar que aqui não é só alegria. Sempre vou ter o que melhorar no que diz respeito à comunicação e por vezes eu só queria estar no meu quarto, sentada na minha cama, encarando minha estante de livros e pensando no que ler. Só que eu simplesmente não posso passar um ano da minha vida lamentando o que está do outro lado do Atlântico e deixando de aproveitar o que tem aqui. Além de angustiante pra mim, será pros outros que ouvirem (ou melhor, lerem) meus lamentos. 

Talvez seja receio de que eu queira ficar por aqui mesmo, como todo mundo imagina. Bom, dizem que todo intercambista não quer voltar. Não sei se será meu caso. Claro, a Alemanha é linda e eu me sinto imensamente bem aqui, mas as pessoas que me fizeram hesitar na hora de dizer 'sim' pra essa viagem, continuam no Brasil e não passo um dia sem lembrar deles. 

O tempo tá passando rápido. Mais uns dias e foram-se três meses. E eis mais um motivo pra aproveitar ao máximo tudo aqui: porque, como escreveu Diego Dias, "a velocidade de tudo que acontece, em cada momento, depende de você. Tá ruim, demora, se tá bom, vai embora, e a vida passa sem a gente ver".

E aí eu criei vergonha pra colocar minha adorada "Saudade", d'Os Serranos, no youtube pra anexar aqui no post, afinal, sou encantada por essa letra e sempre que as pessoas dizem que têm saudades de mim eu começo a cantá-la (de maneira bizarra, claro, eu me animo tanto com ela que pareço estar bêbada - só pareço, e tenho testemunhas).

Ah, sim, e pra finalizar: como eu acho engraçado pessoas que mal me viam, mesmo morando na mesma cidade, dizendo que estão morrendo de saudades de mim. Acho cômico.