Não me odeie por eu não te amar mais



Meu querido, você acha que eu não sei o quanto você ainda me ama? É claro que eu sei. É ingenuidade sua achar que eu não sei. É puerilidade sua achar que eu desconheço a sua dor. 
Quando eu te chamo de meu querido, não é hipocrisia. Te quero muito bem, acredite. Eu só não te amo mais. Dói ler essas minhas palavras? Eu entendo, porque já passei por isso que você já está passando agora. Já me amaram e (des)amaram. Doeu muito, doeu tanto, mas eu não escondia a minha dor, nem esperava uma chuva pra permitir que as minhas lágrimas saíssem aos borbotões dos meus olhos. Não, não tenha receio de mostrar seu sofrimento. Sofrer não é vergonhoso, meu querido. Não é ridículo admitir as nossas fraquezas. Ridículo é tentar enganar a si mesmo. Ridículo é querer se mostrar forte exteriormente quando o interior se deteriora em tristezas mil. 
Meu querido, chore o que for pra chorar, sofra o que for pra sofrer, mas não me odeie. Não me odeie, porque eu não quero que você vá do amor ao ódio. Podemos ser amigos? Diga que sim, por favor. Eu gosto tanto de você. Te considero uma pessoa tão fantástica, com ideias tão raras e louváveis. Eu não sei por que não te amo mais como antes, não sei por que a chama da paixão que eu sentia por você apagou. Mas acabou. E eu não quero que você sofra pra sempre por mim, mas também não quero que você bloqueie essa dor, porque isso só vai te fazer mal, só vai prolongar um sentimento que pode ser aniquilado colocando, dia após dia, pra fora. Quer me xingar, mesmo que só pra descarregar a raiva que sente de mim? Pode xingar, eu vou entender. Mas não esconda o seu sofrimento por trás do seu orgulho. Por você, pelo próprio bem.
Um ser humano que prende a dor por trás do orgulho se torna um pouco mais amargo a cada dia. E, meu querido, eu não quero isso pra você. Não quero ser a responsável por seu possível amargor. Quero que você guarde os bons momentos que tivemos e descarte tudo o que for ruim e te faz mal recordar. 
Creia em mim, tudo isso que eu te digo é porque quero te ver; apesar de não estar mais ao seu lado, eu me preocupo com a sua felicidade. Não te amar mais, no sentido romântico da coisa, não significa que eu sinto agora indiferença em relação a você. Não, eu nunca vou sentir indiferença por você. Sempre vou sentir um sentimento bom por tudo que nós vivemos. Sempre vou desejar que você esteja bem, esteja onde estiver. Fica bem, por favor. E não me odeie por eu não te amar mais.

De quem te quer bem,
Pollyanna

* * *
Como podem supor, essa é uma carta fictícia, e foi totalmente inspirada na música da banda A-Ha, Crying In The Rain. Foi meio que uma resposta à música. Sim, às vezes tenho essas ideias loucas de escrever contos em resposta a músicas. Espero que tenham gostado.
Um abraço da @ericona.
Hasta la vista!

6 comentários:

Grandes palavras Enormes sentimentos disse...

O que eu tenho a "comentar" sobre esse texto?

Cara texto fodastico, pura realidade, a pior coisa e guardar aquilo que você sente só pra você, é como morrer com aquilo que não foi dito! Parabéns pelas palavras, parabéns mesmo! me identifiquei mesmo com o texto!
Foi um "pá" na cara do primo! rs'

Anônimo disse...

Que linda, muitas pessoas acham que por não haver o amor, tem que haver o ódio. Mas não é necessário.

http://iasmincruz.blogspot.com.br/

Rayssa N. disse...

Muuuuuito lindo!!!

Allyne Araújo disse...

Ai, isso foi lindo!!!
Acho q foi uma resposta bem interessante e adulta para se da.. Muito legal mesmo!
bjos

Dayane Pereira disse...

Nossa, bem escolhida a música, mto linda!!
E vc manda super bem escrevendo contos, como sempre Ericona!

Ana Seerig disse...

Só detalhe: a música foi regravada pelo A-ha, não é deles. É uma música dos anos 60. Creio que do Everly Brothers, mas também posso estar enganada e ser de outro grupo. Mas a versão deles é bem conhecida, ao menos. http://www.youtube.com/watch?v=TdaX7LG67to

E não vou comentar as meiguices do post. hahaha