Resenha: A vida em tons de cinza, de Ruta Sepetys

Editora: Arqueiro
Autora: Ruta Sepetys
Páginas: 240
Avaliação: ♥ ♥ ♥ ♥
"Uma história de guerra quase nunca contada, mas acima de tudo, uma lição de amor e esperança."

1941. Lituânia, Letônia e Estônia foram anexadas à União Soviética. Os habitantes se tornaram reféns do czarismo russo e do fascismo de Stalin. E naquela noite de junho, a NKVD esmurrava portas, arrombavam casas e tiravam à força qualquer família considerada antissoviética. Esse é o cenário que ilustra a história de Lina Vilkas, uma moça de 15 anos que tem seu pai Kostas Vilkas, reitor da universidade, separado pelos campos de concentração. Ou quase isso, pois o que ela vem a descobrir posteriormente confunde até mesmo suas próprias esperanças. 

Ela é posta junto com sua mãe Elena e seu irmão Jonas em um vagão para porcos e vacas com outras 46 pessoas - idosas, mães, crianças, um bebê recém-nascido e um homem ferido. O lugar é fétido e insalubre, a comida e a água são escassas e o caminho é longo. Lina usa de seu dom artístico para desenhar em um lenço o percurso que seguem. No mesmo vagão conhece Andrius que tem o mesmo objetivo que o dela: reencontrar o pai. Ela, por sua vez, encontra o seu num vagão destinado somente a homens, ele não. Eles veem pessoas doentes morrerem e os mesmos serem arremassados trem afora pelos soldados da NKVD. Assim como também assistem calados às atrocidades cometidas por eles.

Após seis semanas de viagem, eles são obrigados a tomar banho em água gelada e a grandes grupos são postos à venda como se fossem mercadoria. Quando resta somente o grupo de Lina todos são levados de caminhão a um campo, onde deverão plantar batatas e beterrabas em troca de pão e água e morar em casebres com outros moradores. Além de terem que se preparar para um inverno rigoroso da Sibéria.

Porém após 10 meses, Lina e sua família com outras pessoas são colocadas em uma lista e são deportadas para outro local. Para um lugar desértico, à beira do rio Lená e terão de suportar o frio da "noite polar". Eles atravessaram o Círculo Polar Ártico e terão que lutar em suas jurtas contra a fome, o frio, às doenças e a NKVD para sobreviver.

Esse história é fictícia, mas foi baseada em histórias reais onde na "Nota da Autora" ela narra um pouco sobre suas pesquisas a fim de tornar palpável todo o sofrimento que os refugiados passaram. E confesso, tudo se traçou tão verdadeiro na minha cabeça enquanto o lia que é difícil fechá-lo e não parar de pensar no mesmo. Fui marcada por esse enredo assim como aconteceu em "As Memórias do Livro", "O Menino do Pijama Listrado" e "A Menina Que Roubava Livros".

"Há guerras feitas de bombardeios. Para os povos bálticos, essa guerra foi feita de crenças. [...] Por favor, pesquisem a respeito. Contem a alguém. Esses três minúsculos países nos ensinaram que o amor é a mais poderosa das armas. Pode ser o amor por um amigo, por um país, por Deus, ou até mesmo pelo inimigo - o amor nos revela a natureza realmente milagrosa do espírito humano."

1 comentários:

Dayane Pereira disse...

Estas histórias sempre me comovem, me tocam. Não há como não pensar em séculos de sofrimentos causados por guerras, pestes, preconceitos, etc. A menina que roubava livros me causou isso assim como a vc. Não li o menino do pijama listrado, apenas vi o filme. E como comentei com vc, o Túmulo dos Vagalumes tb causa isso em nós.