Nesse país chamado Brasil



Se uma coisa me chateia é ver/ouvir/ler brasileiros se referindo ao Brasil como "neste país", "neste paíseco" ou derivados, como se fosse algo muito distante de si. Quer dizer, são críticas e críticas ao país, menosprezo, tom de superioridade, tal como foram protestos e protestos e poucas soluções. E eu me pergunto: "Por quê?". 

A visão que os estrangeiros tem é de que o Brasil se ama, os brasileiros são todos feliz. Peraí, não é bem assim. Tal como há os seres com ego extremamente alto, há os que desprezam ridiculamente o país em que vivem, o país em que nasceram. Como uma pessoa que odeia extremos, não tenho como não achar insuportável os dois tipos de pessoas. 

Para quem ama o Brasil ilimitadamente: Sabe quando a gente fala em Segunda Guerra Mundial? Como os alemães foram maus, hein? Ou melhor, os nazistas foram. Vocês sabiam que houve também uma ditadura na Alemanha nessa época? Quem dizia um 'ai' contra Hitler e seus partidários, sumia de uma hora pra outra. Opa, isso me lembra que o Brasil também teve uma ditadura. Sabe qual é a diferença do Brasil e da Alemanha nesse caso? Os alemães falam disso. Eles escancaram os terrores da guerra e na escola aprendem tudo que aconteceu, do início ao fim. Quem aí aprendeu sobre a ditadura brasileira na escola? E olha a ironia: há escolas com nomes dos presidentes ditadores! Ou seja, o Brasil é um país bonito, tem cinco estrelas no futebol, sabe sambar, mas nossa cultura ainda não é perfeita. Se não sabemos de fato quem somos nós, como somos tão felizes com nós mesmos?

Para quem odeia essa coisa do Brasil ser samba, futebol e alegria: Você bem sabe os problemas da Educação, né? Acha insuportável ver todo mundo feliz na televisão quando você nem sequer pode sair na rua depois das 21h por receio da violência, certo? Mas o que você faz pra mudar? Ah, sim, você quer se mudar. Claro, é mais fácil do que mudar o país inteiro! Só que você não está sozinho, você não é o único de saco-cheio desse país chamado Brasil. E se vocês, antes de xingarem o país todo, olhassem pras suas próprias falhas? Acompanha a vida escolar do seu filho? E aquele desviozinho no imposto de renda? Ou mesmo "dar aquele jeitinho" pra conseguir algo que muito se quer? Pois é, amigo, o país não é perfeito, mas você também não, então antes de apontar o dedo e  acusar todo mundo que passa na rua, dê um jeito no que você vê no espelho.

Ninguém é perfeito, todos sabemos. Se ninguém é perfeito, uma comunidade, uma cidade, um país - especialmente do tamanho do nosso - também não pode ser. Assim como temos que reconhecer nossas qualidades e defeitos, temos que reconhecer os do país. Tal como devemos corrigir nossas pequenas falhas do dia a dia, temos que passar adiante a cidadania. É fácil ser legal e adorar tudo e todos, tal como é fácil ser sabedor de tudo e poder espalhar xingamentos à vontade, mas assim como o santo desconfia quando a esmola é demais e como o apressado come cru, nem sempre o fácil é o melhor caminho, pelo menos não pra quem quer ser melhor a cada dia. 

1 comentários:

Érica Ferro disse...

Cara, é a mais pura verdade. A maioria das pessoas é acomodada. É mais fácil apontar e xingar as falhas alheias do que olhar para si mesmo e tentar mudar a si próprio primeiramente.
O mundo só muda se a gente se mudar primeiro, mudar nossas ideias, nossas atitudes, em função de um bem comum.
Só assim se viverá harmonicamente, seja aqui, no Brasil, ou em qualquer outro lugar.