Crônica de Natal: o perdão

Ainda que aos olhos dos outros a minha bobice pareça desmedida, posso afirmar com convicção que permanecerei cultivando os mesmos traços enquanto a ordem do gostar for "ame de verdade". Por mais que esses mesmos trejeitos me levem a enxergar benevolência onde nunca sequer more reciprocidade.

Naquela noite, ao longe alguém rogava que agora era o momento de acreditar na vida para o renascer de outras tantas, e eu de olhos fechados e mãos pousadas sobre o peito silenciosamente proferia "me ensina a perdoar, porque eu erro também". Se existia algo que pudesse pedir, era exatamente isso que eu queria: aprender a perdoar. Não para me redimir com quem me fizera mal, mas para me reconciliar comigo mesma por ter acreditado em algo tão efêmero. E não, não digo isso por orgulho de um sentimento que fora ferido e, sim, por não saber fazê-lo [perdoar] sem matar a parte bonita daquele amor que um dia eu sentira.

E pela primeira vez me vi confessando que perdoar não é fácil, tampouco uma atitude para fracos. Fraca eu continuaria se me enganasse e me escondesse dessa verdade incontestável; que a não escusa só prolongaria o meu sofrimento em remoer a tal amargura com a não chegada de um pedido de desculpas. Porque por mais que ele não se arrependesse, eu seguiria carregando aquele ressentimento que não me faria bem algum.

Eu sei que é abstrato falar de perdão assim, sem porquê, sem mostrar toda a situação... Mas aqui dentro de mim aconteceu assim mesmo. Sou esse solo fértil preparado sempre a receber amor, porém uma vez não aproveitado vai se deixando ressequir pela falta de cuidados. E se eu deixasse de reconhecer em voz alta essa minha necessidade de perdoar, ficaria exatamente assim, impossibilitada de amar novamente. Você me entende? Quando a gente não perdoa uma história que vivenciamos e que nos magoou, o amor que já habita em nós se enfraquece.

Então clamei aos céus e ao universo que me orientasse nessa tarefa árdua, porque eu precisava perdoar a mim, o meu sentimento e a ele para reacreditar no amor e na vida. Porque eu sei que sou pequena demais e, um dia, eu erro também.
Não só hoje é um dia de pensar no perdão... Esse meu questionamento já vinha há dias e nasceu em forma de crônica exatamente hoje, nesse dia calmo e especial para muitos que visitam o nosso blog. É com imenso carinho e gratidão que eu e as gurias arretadas desejamos a todos um feliz Natal! Aprendi muitas coisas preciosas nesse ano e uma delas é sobre a impermanência da vida... Vivemos em ciclos, mas podemos escolher em ver sempre o lado bom de tudo. E espero que com essa crônica fique algo para vocês, caros leitores. Eu escolhi o Amor e vocês? Muita paz em vossos lares! Obrigada por nos visitar. 

1 comentários:

Ariana Coimbra disse...

" Quando a gente não perdoa uma história que vivenciamos e que nos magoou, o amor que já habita em nós se enfraquece."

Isso é tão verdade, e nem preciso dizer o porque né?
Senti na pele, nos poros, nas lágrimas.
E esse ano pra mim foi amor pois teve perdão. O meu perdão pra mim mesma, o perdão de Deus, e o perdão daquela pessoa.
Indiretamente falei de ti no último texto, sobre pessoas que sairam e as que entraram na vida, um dia conversamos sobre.

Que o seu 2014 seja puro amor, e que nunca lhe falte o dom do perdão, do amar.

Beijos