Não sei vocês, mas eu ando pelo mundo prestando atenção em cores que eu não sei o nome. Cores de Almodóvar, cores de Frida Kahlo, cores... É, quando não sou absorvida pelos meus próprios devaneios, costumo escutar os desvarios alheios, seja num ônibus, num fila qualquer, andando pela rua (sim, às vezes é possível escutar a conversa alheia até caminhando pela rua... Pasmem!).
Ontem, no ônibus, voltando do treino, atentei a conversa de duas mulheres, nem tão velhas nem tão novas. Ambas haviam sido largadas pelos maridos. As duas alegavam que a razão do abandono tinha sido outra mulher. Uma delas disse que encontrara um novo amor, um cara vinte anos mais jovem que ela. Sem vícios, um homem correto; apenas um pouco rude, palavras dela. Então a outra senhora perguntou: “Mas você não sente falta do seu antigo marido?”. A primeira disse que sentia, e sentia muita falta. Disse até que amava o ex, mas, segundo ela, não podia mais dar certo. Ele tinha se transformado num homem beberrão e violento. Por isso, mesmo amando o ex, ela preferia continuar com o seu atual companheiro, que era muito bom com ela, apesar dos pesares. Logo após, a outra se lamenta dizendo: “Meu Deus, às vezes eu choro tanto porque penso ‘puxa, todo mundo tem alguém, todo mundo é feliz, só eu que sou sozinha no mundo. Faz dois anos que meu marido me deixou...”. A outra, verdadeiramente consternada, responde: “Calma, mulher, eu passei cinco anos sozinha. Sei o que você está sentindo. Logo, logo você irá arrumar alguém para amar e ser amada. Porque a pior coisa do mundo é a solidão.”.
Houve mais falas, obviamente, mas depois de ouvir esses trechos, não consegui prestar atenção ao resto. Fiquei pensando e pensando sobre a dependência das pessoas em pessoas. Não me fiz entender, certo? Okay, tentarei ser mais clara. Tudo bem que não se é feliz sozinho, não se pensarmos no sentido fraternal da coisa. Precisamos de pessoas nas nossas vidas, para caminharmos juntas, multiplicar felicidades, diminuir tristezas, entre tantas outras coisas. Precisamos de amigos, de irmãos, seja de sangue ou não. Como diz aquele dito popular: “Uma andorinha só não faz verão...”.
Porém, a pergunta que não quer calar é: necessitamos mesmo de um namorado (a) ou esposo (a) para sermos felizes?
Antes que me xinguem de encalhada, mal-amada e/ou coisas piores, me defenderei. Vejam bem, não consigo compreender isso de só ser afortunado e inteiro se tivermos alguém para intitular de meu amor. Será que eu não sou completa se não tiver um namorado? Será que falta um pedaço seu só porque você não desfila por aí com um namorado ou namorada?
The point is: quando as pessoas vão perceber e entender que há coisa melhor nessa vida do que procurar por um namorado?
Quando as pessoas finalmente se enxergarão e se amarão pelo que são? Quando pararão a “caça a um namorado” porque se darão conta de que isso é só uma maneira de fugirem de si mesmas? Sim, a meu ver, quem vive nessa busca descontrolada por alguém é porque não consegue conviver consigo próprio.
O que é que há, amigo? Pare de correr atrás das borboletas, pare de cuidar do jardim, viva a sua vida e, se um dia você tiver de encontrar alguém para chamar de amor (e ser chamado de amor), certamente encontrará. Creia nisso e sossegue, ora.
* * *
Um abraço da @ericona, a desvairada.
Até próximo sábado!
4 comentários:
Tanta gente reclama que não encontrou ninguém para dividir sem se dar conta de que primeiro precisam aprender a lidar com o excesso de egoísmo, esse veneno que afasta as pessoas.
Um beijo Ericona!!
Erica essa é uma pergunta que eu também faço: "Será que eu não sou completa se não tiver um namorado?" E eu ainda acrescento: ou um filho? Ah, a mulher só é completa quando tem um parceiro, quando é mãe, eu estou farta de ouvir isso e quer saber, tou contigo! Gosto de pensar que sou completa em mim mesma, naquilo que sou, gosto da minha companhia, da minha "solidão suave", nas palavras de um amigo querido!
Claro que desejo ser mãe, claro que acho massa a ideia de em algum momento encontrar um companheiro, mas não para ser completa e sim para viver a maternida (acho que tem coisas que só uma criança ensina) e uma relação de companheirismo.
Texto perfeito, ótimo começo para um sábado quente!
Tem gente que está muito melhor sozinha do que acompanhada. Aliás, eu escrevi há um tempo atrás um post sobre isto, "Antes só do que bem acompanhado". O que não se dá conta quando se está solteiro e do quanto se perde quando se está com alguém.
isso faz a gente pensar... E a unica conclusão, ou uma das conclusões a que se chega é a de que a felicidade é a gente quem faz, parte de nós, ai sim.. compartilhamos com os demais. bjoooo
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