Não seja a vítima do mundo

Mais vezes do que gostaria, me deparo com pessoas que devem sentir prazer em lamuriar-se, pois isso é tudo que fazem. Pessoas que gostam de anunciar ao mundo que estão sofrendo por isso ou aquilo, e pessoas que gostam de se deixar de canto, sozinhas e quietas, na esperança de que alguém se apiede dela e vá consolá-la. Pessoas, em geral, que acham que são a alma que mais sofre nas redondezas que a cercam. 
Não, não sou contra que vez ou outra deixemo-nos abalar pelo sofrimento, sou contra ficar remoendo-o. Pode não parecer, mas eu tenho meus problemas; aquela pessoa que tu acha que sorri demais também tem; e mesmo aquele ser que lhe dá um pouco de atenção e parece se apiedar de ti também tem. Não é só tu que tem problemas familiares, profissionais ou psicológicos; há gente, aliás, com problemas maiores que os teus e com uma autopiedade menor. Pra quê se deixar remoer dores quando se pode fazer o possível pra encontrar alegrias e distrações que sem dúvida seriam melhor remédio pra ti do que o consolo alheio?
Sabe aquela história do pastor que ficou cuidando das ovelhas enquanto seus colegas iam almoçar, devendo avisá-los caso o lobo aparecesse? Bom, se não se recorda, o fato é que o pastor chamou tantas vezes os colegas para avisar o lobo, achando que fazia uma brincadeira, que quando o lobo realmente apareceu não obteve ajuda. Posso usar isso de modelo aqui: se tu se lamentar por coisas poucas infinitamente, quando realmente precisar de consolo e atenção, não a terá, pois já será visto como um lamentador de primeira. 
Pare de chorar de pena de si e olhe pros lados. Olhe para aqueles que chama de amigos, aqueles que gostaria que estivessem ao seu lado compartilhando de todo o seu sofrimento. Observe bem. Será que eles também não tem problemas? Será que um deles não tem mais motivo pra chorar do que tu?  Será que não gostariam que tu lhes desse cinco minutos de atenção? Não seja egoísta a ponto de achar que é o único a ter razões para lamúrias, mas sim inspire-se naqueles que têm  mais razões que tu e não se deixam abalar. 
Mas, além de tudo, o que vale ser lembrado em primeiro lugar, é que permanecer no mesmo lugar chorando não vai fazer as coisas mudarem. Pode ser que o que tu tem por sonho não se realize no primeiro momento, mas vá atrás. Pare de ficar aí resmungando dizendo que está velho ou que é novo demais pra tudo isso, que as pessoas não se importam contigo ou qualquer outra coisa do gênero. A vida é cheia de altos e baixos e, se você se enterrar no que imagina ser o pior momento de sua vida, não conseguirá subir até onde poderá ver o melhor dela. 
Não acho que tenha escrito tudo que eu gostaria, mas tudo bem, as pessoas que realmente me cansam com seus lamentos poderiam ser esbofeteadas que não perceberiam a tosquice que são certas atitudes suas. De qualquer modo, espero ter capacidade de fazer algo melhor, com um tema melhor, pra semana que vem. Ah, e ontem eu e a Ferro fizemos uma nova parceria, quem quiser ver, clique aqui.

2 comentários:

Fê Iasi disse...

Exccelente texto Ana, eu adorei mesmo! Bjo!

Cris Medeiros disse...

Adorei o texto, muito bom!

Quando eu paro e começo a reclamar da vida, sempre vem minha autocrítica dizer que eu estou sendo chata. Aí me recolho e começo a traçar planos para sair daquilo.

Meu movimento sempre é, me chateio, paro, choro, reclamo, mas logo em seguida limpo as lágrimas e traço metas para sair daquela situação. Tem dado certo para mim até hoje.

Mas por outro lado meu carma é conviver com gente que se faz de vítima, que some para que a gente vá procurar e quando a gente procura se diz abandonada. Para essas pessoas confesso que não tenho paciência e largo pra lá. Se a pessoa quiser uma ajuda real e me pedir eu prontamente tento ajudar, agora escutar lamúrias sem fim não é algo para que eu tenha vocação.

O chato é que a pessoa que tem esse traço de forma muito marcante é minha mãe e não posso largar ela pra lá. Então vou administrando do jeito que dá... rs

Fiz um post no seu comentário... rs. Desculpa aê! rsrs

Beijocas